Para quem nunca participou
de uma concretagem em obras residenciais, há duas formas principais de fabricação
do concreto: No próprio canteiro de obras (Conforme figura 2), através de
betoneiras ou procedimento manual e por empresas especializadas na fabricação
usinada dessa mistura (Transportados por caminhões conforme a figura 1). O que
demanda a escolha de cada método situa-se basicamente no volume a ser utilizado,
ao qual o engenheiro residente será responsável por definir a viabilidade e
escolha entre os métodos, considerando os elementos estruturais a serem
preenchidos.
Usualmente, após essa determinação,
ele repassa para sua equipe (Mestre, estagiários de Engenharia Civil e/ou
Técnicos em Edificações) para estes poderem-no auxiliar na organização da
programação e controle da execução do serviço de lançamento do concreto. Quando
o método usinado é escolhido, como é feita a solicitação?
Figura 1 – Caminhão Betoneira
Fonte: http://www.itiquira.mt.gov.br/2015/05/prefeitura-de-itiquira-adquiri-caminhao-betoneira-0km/
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Figura 2 – Concreto fabricado na obra
http://www.aecweb.com.br/revista/materias/confira-6-dicas-para-comprar-betoneiras/18484 |
OBS.: Apesar de o processo
usinado parecer ser mais fiel ao controle de dosagem, a análise da qualidade
não deixa de ser determinante. Porém, em se tratando de que os dois métodos devem
ser controlados, o delimitador para obras residenciais, onde é constantemente
utilizado um concreto normal entre 20 e 40 Mpa, normalmente é o volume total a
ser empregado. Em concretos especiais, outros fatores devem ser avaliados.
1º Programação com a concreteira
É de suma importância o
alinhamento dos setores (Planejamento, Execução, Sistema de Gestão da Qualidade
e Segurança do Trabalho) da obra para definir os dias de concretagem.
Algumas usinas solicitam a
demanda mensal da obra no final do mês anterior (Conforme figura 4) e a
confirmação com uma semana de antecedência (Conforme figura 3) para poder
atender com eficiência no dia programado, pois, apesar de haver contrato
firmado com a obra, as concreteiras possuem outros acordos. Com isso, uma falha
no planejamento, pode acarretar atrasos sistemáticos no lançamento, sendo
exigentemente um processo contínuo. Por tanto, é importante especificar e
confirmar o dia exato a ser efetivada a entrega do concreto usinado, bem como
os horários, obedecendo ao intervalo de descarga de cada caminhão no elemento
estrutural.
Essa solicitação
normalmente é realizada pelo Técnico ou estagiário sob a supervisão do
Engenheiro Civil, ou por ele mesmo, via telefone e e-mail, sendo importante também
o retorno da concreteira sobre a confirmação do e-mail.
2º Especificação
Juntamente com a
confirmação da data e horários, deve-se especificar na programação o local de
aplicação, a peça estrutural e a discriminação dos materiais a serem utilizados
na mistura, além de suas propriedades requeridas para o concreto no estado
fresco e no estado endurecido. Logo, define-se o diâmetro máximo da brita (9
mm, 19 mm, 25 mm ou 32 mm), o fator água/cimento (Resumido pelo Slump), o
consumo de cimento por m³, a resistência a compressão aos 28 dias (Fck ou a
classe conforme a NBR 8953) e o volume total, sendo este dividido em várias entregas
de caminhões com no máximo 7.5 m³, pois, apesar de possuir carga máxima de 8
m³, os basculantes podem derramar material durante a viagem se houver subidas íngremes.
Logicamente, tem que ser avaliado também se o local a ser executado pode
utilizar o volume máximo do caminhão antes de ser iniciada a pega do concreto,
sendo interessante fazer um teste com um volume menor para poder identificar o tempo
gasto (Se você concretar 5m³ em 1h30, provavelmente não será possível utilizar
toda carga do caminhão, pois o volume máximo irá ultrapassar ou ficar bem
próximo do tempo de pega, é muito arriscado). Todas as informações estão
especificadas no projeto estrutural da edificação, cabendo ao engenheiro
confirmar apenas o elemento estrutural a ser concretado e, então, recolher suas
especificações.
Figura
3 – E-mail da confirmação de programação do dia da concretagem
Fonte:
Autor
Figura
4 – E-mail da programação mensal dos dias de concretagem
Fonte:
Autor
3º Outros Serviços
Além da programação com a
concreteira, há também o acompanhamento de outras equipes que necessitam se
preparar para o dia da concretagem e, em muitos casos, são empresas
terceirizadas pela construtora. Todo
lançamento de concreto deve ser realizado com o devido controle tecnológico,
logo é imprescindível que a programação seja repassada para a empresa especializada
no procedimento, pois nenhum caminhão pode ser utilizado sem a aferição do
Slump Test (Conforme Figura 5) e a moldagem dos corpos-de-prova.
Figura
5 – Slump Test
Fonte:
https://i.ytimg.com/vi/wPUELiZaTSI/hqdefault.jpg
As equipes de execução sejam
elas terceirizadas ou mão-de-obra própria, também devem estar cientes não
somente para finalizar os serviços de forma, armação e cimbramento no prazo, mas
ainda poderem antecipar os processos preliminares que ocorrem no dia anterior
ao da concretagem, como a preparação da base do local aonde será realizado o
lançamento, a fim de evitar que os caminhões atolem e aumentem o transtorno no
processo, além do teste dos vibradores, pois se houver algum quebrado ainda há
tempo de substituí-lo. Já no dia, deve-se realizar a limpeza e o umedecimento das
formas.
Por fim, as empresas de instalações
também devem ser informadas quando envolverem os seus serviços, como no caso de
uma laje, pois elas devem garantir a posição adequada dos pontos, prumadas e
tubulações.
OBS.2: Apesar de trivial,
é extremamente importante realizar à conferência intrínseca de todos os serviços
envolvidos, principalmente, o de armação, pois este será envolvido e sua
identificação será impossível de ser realizada após a concretagem. Lembrando
que estamos tratando de um elemento estrutural, sendo ele parte constituinte do
sistema que vai sustentar a nossa edificação.
4º Responsabilidades
A Norma 12655:2015 é bem
clara em todos os aspectos sobre a responsabilidade dos itens supracitados:
“[...]
Ao profissional responsável pela execução da obra de concreto cabem as
seguintes responsabilidades:
a)
escolha da modalidade de preparo do concreto [...];
b)
escolha do tipo de concreto a ser empregado e sua consistência, dimensão máxima
do agregado e demais propriedades, de acordo com o projeto e com as condições
de aplicação;
c)
atendimento a todos os requisitos de projeto, inclusive quanto à escolha dos
materiais a serem empregados;
[...]”
ABNT (2015, p.8).
Por tanto, conforme já descrito,
algumas funções podem fazer parte do processo de solicitação. Todavia, sempre
supervisionada pelo Engenheiro da Obra, ao qual detém de toda a responsabilidade.
REFERÊNCIAS:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
12655: Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e
aceitação – Procedimento. Rio de Janeiro: 2015. 23 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
8953: Concreto para fins estruturais – Classificação pela massa específica,
por grupos de resistência e consistência – Procedimento. Rio de Janeiro: 2015. 3
p.
Parabéns pelo conteúdo, linguagem clara e fácil de compreender o processo e as exigencias \0/
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