A alvenaria estrutural
(Figura 1), como a de vedação, possui as características de divisão de cômodos,
proteção contra intemperes e conforto termo-acústico. O que diferencia uma da
outra é o caráter autoportante da estrutural, enquanto os esforços de peso
alvenaria de vedação são transferidos para o sistema convencional de vigas e
pilares.
Logo, é imprescindível o
cuidado na execução de uma alvenaria estrutural e a primeira fiada é quem
fornece os rumos para a qualidade final de uma parede. Abaixo, listamos 9 itens
primordiais a serem verificados nessa etapa inicial e que provavelmente vão promover
um padrão de excelência:
Figura 1 - Edifício em Alvenaria Estrutural
Fonte: https://www.cimentoitambe.com.br/norma-alvenaria-estrutural/ |
1 – Entrega por Etapas:
Para evitar que as equipes
de bloqueiros parem durante a sua conferência, pois eles não irão fazer a
primeira fiada apenas de uma parede, você pode adotar a entrega do serviço por
etapas.
Essas podem ser dividas em
apartamentos ou pela junta estrutural do prédio. O mais aconselhável é pela
junta, pois ela divide o edifício ao meio, possibilitando a conferência
completa de cada metade, já que algumas paredes estão presentes em mais de um
apartamento.
Assim, enquanto você
estiver inspecionando a metade já executada de primeira fiada, a equipe estará
do outro lado da torre, mantendo o controle das correções, pois este serviço é
precedente a elevação.
2
– Modulação da Alvenaria
A alvenaria estrutural tem
como característica intrínseca a presença de blocos com dimensões variadas
(14x19x19, 14x19x29, 14x19x34, 14x19x39 e 14x19x54, por exemplo), aos quais
garantem o melhor aproveitamento dos espaços e a amarração da parede.
Essa verificação é feita visualmente
com o apoio do projeto estrutural de primeira fiada, onde cada bloco tem de
estar na posição definida pelo calculista. Normalmente, o engenheiro que detalha
o projeto relaciona uma cor ao tipo de bloco, o que facilita bastante na
identificação conforme pode ser visto na Figura 2.
Figura 2 – Modulação
Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/ac/v15n2//1678-8621-ac-15-02-0127-gf05.jpg |
3
– Esquadro:
O esquadro da primeira
fiada pode ser avaliado de duas formas: Por medidas do cômodo ou com o instrumento
de alumínio (1,00 m x 1,20 m).
A primeira escolha (Figura
3), que envolve mais de uma pessoa e uma trena metálica com no mínimo 8 metros,
é a mais fiel por proporcionar a verificação de dois comprimentos das
extremidades dos cantos de todos os cômodos, garantindo o esquadro nos dois
sentidos.
A segunda escolha, apesar
de parecer ser mais simples, exige conhecimento no uso e interpretação da
ferramenta, pois os blocos possuem pequenas variações de fabricação que podem “enganar”
o resultado da conferência.
Figura 3 – Conferência do esquadro por medida
Fonte: https://www.ufrgs.br/eso/content/up/3.1-Execu%C3%A7%C3%A3o-da-primeira-fiada-confer%C3%AAncia-de-medidas.jpg |
4
– Medidas Acumuladas:
Como o próprio nome já
descreve, esse tipo de medida acumula os comprimentos dos cômodos, ou seja, se
houver erro em cada um, no final, algum vai encurtar ou aumentar o seu vão.
Essa conferência é importante para garantir que as tolerâncias não sejam
sobrepostas e prejudiquem as dimensões pré-estabelecidas em projeto.
Exige uma trena metálica de
no mínimo 20 m e o acompanhamento de duas pessoas, onde uma fixa o zero da
trena na origem da medida verificada e a outra pessoa vai conferindo as
acumulações ao final de cada cômodo até o limite da edificação (Podendo ser a
junta estrutural se houver).
O ideal é pegar duas
medidas para conferência no sentido maior da edificação e pelo menos três no
sentido menor, com ênfase aonde houver a maior quantidade de cruzamentos de
paredes.
5
– Vão de Porta
São simplesmente
conferidos com o uso da trena metálica de 8 m, analisando se as aberturas estão
de acordo com o projeto. Esse item é importante quando após a alvenaria for
aplicado o sistema de portas prontas, ao qual é exigida a dimensão exatamente
pré-estabelecida em projeto, pois suas folgas são extremamente reduzidas.
6
– Pontos de Graute
Apesar de ser inspecionado
em etapas anteriores (Cintamento ou pavimento abaixo) é imprescindível a
verificação visual de todas as esperas dos pontos de graute (Figura 4),
identificando se elas estão dispostas no alvéolo do bloco como descreve o
projeto de primeira fiada e se as janelas de visita foram deixadas para posterior limpeza.
Vale salientar que não é
sempre que o ponto nasce na fundação, podendo surgir mais pontos em qualquer
pavimento ou mesmo deixar de existir para pavimentos superiores. Esse item
mantém alerta o acompanhamento seguro da alvenaria.
Figura 4 – Conferência do ponto de graute
Fonte: Autor |
7
– Juntas
Verificação realizada
visualmente ou com auxílio de trena para garantir se a junta horizontal mantém
no máximo 20 mm (± 2) da base ao bloco e a junta vertical no máximo 10 mm (± 2),
como ilustra a Figura 5:
Figura 5 – Limites das juntas
Fonte: ABNT NBR 15961 – 2:2011, p.14 |
No detalhe da junta
horizontal, é interessante verificar o nível do pavimento antes de iniciar a
primeira fiada, pois a NBR 15961–2:2011 prevê que deve ser feito o nivelamento
com um material de mesma qualidade da base, caso a diferença seja maior que o
máximo requerido.
A regularidade das juntas
horizontais proporciona o nível final da parede. Logo, verificar com uma régua
de bolha se já na primeira fiada está regularmente nivelada não será nenhum
capricho.
8
– Prumo
Com o auxílio do prumo de
face, verificar se há diferença entre a primeira fiada do pavimento em execução
com a do pavimento anterior. O limite previsto na NBR 15961–2:2011 é de no
máximo ± 5 mm, conforme Figura 6.
Figura 6 – Limites máximos das paredes entre andares
Fonte: ABNT NBR 15961 – 2:2011, p.16 |
9
– Pontos Elétricos
Por fim, analisar
visualmente se todos os pontos elétricos estão saindo na posição correta do alvéolo (Figura 7).
Neste aspecto é interessante a compatibilização dos projetos estrutural e
elétrico para poder imprimir a posição correta dos pontos na alvenaria.
Desta forma, minimizam-se
ao máximo os possíveis reajustes de projeto devido à alocação incorreta ou a
prática inadmissível para alvenaria estrutural de quebra para reposicionar a
tubulação elétrica.
Figura 7 – Pontos elétricos dispostos na primeira fiada
Fonte: adaptado de http://www.goiarte.com.br/wp-content/uploads/2016/04/foto_execucao32.jpg |
REFERENCIAS
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-2: Alvenaria
Estrutural – Blocos de Concreto – Parte 2: Execução e controle de obras. Rio de
Janeiro: 2011. 35 p.
Correto.
ResponderExcluirObrigado por deixar seu comentário, senhor Aristídes.
ExcluirMuito bacana!
ResponderExcluirObrigado, amigo.
ExcluirMuito bom Douglas. Parabéns! Artigo fácil de entender, sem floreios!
ResponderExcluirGrande Márcio!!! Muito grato pelo seu retorno. Toda semana estamos vindo com novidades e, não se preocupe, suas fundações já estão na fila. Acompanhe-nos. Forte abraço, amigo.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito boa matéria, erros nessa fase da obra podem comprometer toda a edificação
ResponderExcluirMuito obrigado, Alex, por partilhar de sua ideia. Realmente, a gama de itens para se conferir traduzem a importância deste "singelo" serviço.
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