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Estaca escavada com trado mecânico, sem fluido estabilizante - Um Olhar diferente

Existem vários tipos de fundações profundas sendo aplicadas na industria da construção civil, as quais dependem do solo, do diâmetro e da profundida a ser atingida, além da existência ou não de lençol freático, como por exemplo: os tubulões, as estacas moldadas in loco e as estacas pré-moldadas.
Hoje, iremos falar em especial do processo executivo da estaca escavada com trado mecânico, sem fluido estabilizante (anexo E da ABNT NBR 6122/2010).
Esse tipo de fundação possui pouca vibração, grande produtividade, diversificação de diâmetros pequenos, além de ser aplicada apenas acima do nível d’água.

Guia completo: Estaca Escavada - Trado Mecânico ⋆ APL ...
Figura 1 - Execução de Estaca Escavada com Trado mecanizados, sem fluido estabilizante
Fonte: https://blog.apl.eng.br/guia-completo-estaca-escavada-trado-mecanico/

    1 - PLANEJAMENTO

Em um edifício, podem haver centenas de estacas, com diâmetros e profundidades variadas e proximidade entre elas.
Com isso, inicialmente, analisa-se juntamente com o motorista do equipamento as possíveis estacas a serem escavadas no dia, para garantir a menor perda de tempo trocando trados ou fazendo manobras desnecessárias com a máquina, além de manter uma logística de acesso afim de facilitar na hora de concretagem da estaca.

2 - PROCEDIMENTOS PRELIMINARES

O motorista estaciona a perfuratriz no local, efetua o nivelamento das “patolas” e o prumo da Torre. Estes devem ser verificados pelo nível de bolha do equipamento.
Após isso, a centralização é feita com o auxílio do prumo de centro na ponta do trado, guiando até o eixo da estaca delimitada no solo por um piquete ou barra de aço:

Figura 2 - Verificação do nível (À esquerda), Nível de bolha da torre (Centralizado) e eixo do piquete (à direita)
Fonte: Autor

Posiciona-se o compensando de madeira com a abertura no diâmetro um pouco maior do que o furo para melhorar na limpeza da escavação e garantir maior segurança aos colaboradores que efetuam o serviço. 

Figura 3 - Madeirit posicionado
Fonte: Autor

3 - ESCAVAÇÃO

Realizada em ciclo pela perfuração constante do trado, ao qual acumula material escavado do fundo, trazendo até a superfície, onde é redirecionado pelos funcionários até um local destinado a reaterro ou aproveitamento desse material.
Chegando próximo a cota de fundo, o motorista informa a profundidade prevista já escavada e a verificação é feita pelo Estagiário, Mestre, Técnico ou Auxiliar de Engenharia com uma trena maior que 20 m, sendo, posteriormente, anotada a profundidade real na ficha de verificação do serviço.

Figura 4 - Verificando a profundidade da estaca
Fonte: Autor

Finalizada a escavação, o caminhão é retirado do local, sendo orientado para perfurar outra estaca, então é feita a colocação da armação.

4 - DESAPRUMO DE ESTACA

Antes de colocar a armadura, é interessante verificar o desaprumo da estaca, já que a NBR 6122:2010 indica que o limite para não necessitar de ação corretiva é de 1/100. Ou seja, em 15 metros de profundidade é admissível no máximo 15 cm de desaprumo. Se estiver a mais que isso, deve-se verificar a estabilidade e a resistência da fundação.

Figura 5 - Recorte do item de desaprumo da norma
Fonte: NBR 6122 (2010, p. 31)

5 - COLOCANDO A ARMAÇÃO DE ARRANQUE

Verifica-se o diâmetro da estaca para determinar o tipo, espaçamento de estribos e quantidade de aço utilizado e se ela tem algum comprimento específico, segundo o projeto de fundações. 
Normalmente, essa etapa é realizada antes de iniciar os furos, pois, para facilitar a logística, as armaduras já devem ser postas próximo a execução das fundações com antecedência.
Coloca-se seis espaçadores do tipo rolete com 50 mm (A depender do projeto) de diâmetro para atender a necessidade do cobrimento e facilitar a sua entrada no furo.

Figura 6 - Armação posta no furo
Fonte: Autor

A aplicação é feita utilizando também os prumos de centro, como na marcação de eixos, para chegar ao máximo da excentricidade da estaca, sendo a tolerância de 10% do diâmetro da peça conforme o item 8.5.6.1 da NBR 6122 (2010, p.31).

Figura 7 - Reinspeção da Excentricidade da Armação
Fonte: Autor

O nível utilizado como base para colocar a armação é a altura do gabarito e a profundidade segue o detalhamento previsto no projeto de fundações para as cotas de arrasamento.
 
Figura 8 - Cotas de Arrasamento de acordo com o projeto
Fonte: Autor

Uma linha de nylon atravessa o menor sentido do gabarito, simulando o seu nível, e, a partir dela, é medida a profundidade que a armação deve ser localizada.
  
Figura 9 - Definindo a posição da armação em relação ao nível do gabarito
Fonte: Autor

6 - CONCRETAGEM

Finalizado todas as etapas anteriores, é efetuada a concretagem da estaca através, preferencialmente, de concreto usinado para acelerar o processo.
As especificações da resistência e slump do concreto a ser solicitado seguem no projeto de fundações ao qual são descritas pelo consultor de solos.
Deve-se anotar essas informações na planilha de rastreabilidade do concreto conferindo todas as especificações anteriores, Número da Nota Fiscal e local concretado.
 Para garantir o mínimo de espalhamento possível do concreto no fuste da estaca e dessa forma prejudicar a resistência ao atrito lateral, solicita-se que a concretagem seja feita por um funil com um tubo de diâmetro máximo de 150mm e comprimento mínimo de 1,50m, sempre o mantendo no eixo da armação.
 
Figura 10 - Concreto chegando a cota final (À esquerda), Concretagem usinada com o auxílio do funil (Centralizado) e estaca concretada (à direita)
Fonte: Autor

Após a concretagem, tampa-se o furo novamente por medidas de segurança. Seguidas 12 horas, segundo o anexo E da NBR 6122:2010, pode-se fazer uma estaca próxima a está (distância menor do que 3 vezes o diâmetro) e aterrá-la para que o caminhão possa transitar dentro do gabarito.

OBSERVAÇÃO: É imprescindível que a estaca seja escavada e concretada no mesmo dia, pois, em solos arenosos, por exemplo, o fuste da fundação perde resistência ao longo do tempo após ser perfurado.


REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: 2010. 91 p.

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